Cozinhar uma questão de autonomia.

A primeira vez que comecei a me aventurar na culinária foi quando acabei a faculdade e fui morar com duas colegas em SP. No domingo rolava de uma de nós entrarmos na cozinha para fazer um “rango”. Uma delas tinha um livro de receita (não me lembro à autora) cuja dedicatória escrita por sua mãe dizia: "Minha querida, fazer seu próprio alimento com prazer e alegria é exercitar autonomia para vida". Logo compreendi a ligação entre cozinhar e autonomia. Desde então, eu que mal fritava um ovo passei a me aventurar por esse universo de aromas, consistências, sabores, prazeres e alegrias. A primeira coisa que executei na cozinha foi uma Torta de Galinha com Palmito, que ficou, digamos assim, comível. De lá para cá não sei quantas vezes já fui cozinhar para mim mesma, para a família, para os amigos.
Sempre me divirto muito cozinhando desde a montagem do cardápio, a lista de amigos convidados, a busca doas ingredientes, o preparo, a realização dos pratos e o melhor momento “Reunir em Torno da Mesa”.
Cada período de minha vida passou a ser marcado pela confecção de um prato: logo que casei nosso apartamento (e também o corredor do prédio) cheirava a torta de limão. Essa foi a minha especialidade por 3 meses. Durou até que o dia que perguntei ao meu marido: - Sabe o que fiz hoje? E ele quase as lágrimas disse: - Torta de limão. Pude senti o cheiro lá de baixo.
Tudo bem, touché! Deixei a torta de limão de lado e resolvi visitar o caderno de receita que havia organizado. Depois comecei a fase das panquecas de carne ao molho de tomate e branco. Fiz esse prato inúmeras vezes para jovens amigos famintos (por comida caseira e fumegante) em dias de inverno rigoroso na Suíça.
Mas não é só da confecção de prato único que se ilustra a vida de uma jovem cozinheira. Ocorrem também os desafios! Fazer uma feijoada para 100 pessoas sem nunca ter feito uma feijoada foi uma das ciladas em que me meti. Graças a Deus me saí bem. Posso mesmo confessar que muito bem e isso me deu muita confiança para continuar.
Minha proposta é convidar pessoas, principalmente àquelas que começaram agora a cozinhar e exercitar a sua autonomia cozinhando. Experimente! Você vai descobrir a felicidade de se alegrar com o prazer que esse universo pode proporcionar.